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75% dos caminhoneiros do Piauí descuprem lei que obriga o descanso
Legislação foi criada para evitar acidentes provocados pelo cansaço.
Norma é descumprida e nem a PRF pode fiscalizar as rodovias.
Foi criada há um ano uma legislação com o objetivo de acabar,
principalmente, com a perigosa rotina de muitas horas de trabalho e
pouco sono dos caminhoneiros: a cada quatro horas de trabalho, o
motorista deve parar pelo menos 30 minutos. A norma prevê ainda que após
um dia ao volante, esse intervalo deve ser de 11 horas.
Mas além da carga pesada nas carrocerias, os caminhoneiros carregam a
pressão feita pelas empresas para cumprir o prazo da entrega da
mercadoria. “Não dá para descansar. É como diz a história: quando a
mercadoria está dentro do galpão, está tudo bem. Mas quando coloca em
cima do caminhão, eles querem que agente ande logo”, diz o caminhoneiro
Lenilton Sousa.
Uma pesquisa recente feita pela Polícia Rodoviária Federal com
caminhoneiros no estado do Piauí mostrou que 75% deles dirigem mais de
oito horas por dia. O resultado dessa carga excessiva de trabalho é
refletida nas estatísticas dos acidentes: de janeiro até maio deste ano,
foram registradas 173 ocorrências envolvendo motoristas de caminhão nas
rodovias do estado, com um saldo de 20 feridos e quatro mortes. Quase
40% a mais do que no mesmo período do ano passado.
A inspetora Eliza Santos explica que a PRF ainda não está apta a fiscalizar a legislação de descanso para os caminhoneiros.
“Ainda não é possível para a PRF fiscalizar essa legislação porque
existe uma resolução de Contran (Conselho Nacional de Trânsito), de
número 417, que prevê que essa fiscalização só poderá acontecer caso o
Ministério do Transporte e o Ministério do Trabalho listem rodovias
federais que possam ser contempladas com essa fiscalização”, explica.
Enquanto não há fiscalização, caminhoneiros rodam horas e horas sem
parar, muitos deles utilizam drogas conhecidas como arrebites, que
segundo a médica Benedita Abreu, especialista em medicina do tráfego, é
um risco à saúde. “Os arrebites são substâncias que vão estimular a
atividade cerebral e lhe manter acordado por meio de estímulos, mas não
são confiáveis, pois tem efeitos colaterais. Além disso, o estímulo cai
subitamente e sem aviso, o que pode aumentar o risco de acidentes”,
alerta.
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