As empresas de transporte por rodovias estão pressionadas por aumento de custos originados nas mudanças da legislação trabalhista dos motoristas, pela alta de insumos acima da inflação e pela renitente deficiência na infraestrutura da malha, que chega a dobrar o custo operacional do transporte, dependendo da condição da rodovia.
O relatório da pesquisa CNT de Rodovias 2012 registra que o custo operacional do transporte de carga rodoviário é maior quanto pior é o estado de conservação e manutenção da estrada. Considerando que 62,7% das estradas são avaliadas como regular, ruim e péssima, o cálculo é que, na média, o custo do transporte rodoviário é 25,2% maior em relação ao custo de operação em estradas em condições ótimas de pavimento. As rotas da região Norte, onde estão as rodovias com pior avaliação, são as mais prejudicadas, arcando com um ônus de 43,2%.
A inflação dos transportes também tem ajudado a corroer a rentabilidade do setor, dizem especialistas. Nos últimos doze meses, INCT-F (Índice Nacional de Custos dos Transportes de Carga Fracionada), calculado pela NTC&Logística, chegou a 7,54%, ante uma inflação pelo IPCA na casa dos 6,5%.
Neuto Gonçalves dos Reis, consultor técnico da entidade dos transportadores, explica que esse indicador não contempla o custo da deficiência das estradas. "Não há espaço para repasse de custos, e a consequência é a redução da rentabilidade", diz. Outro custo é aquele imposto pela Lei 12.619, chamada de Lei do Caminhoneiro, em vigor desde junho, e também não contemplado no indicador da NTC&Logística. "No caso do transporte de carga fracionada o impacto da legislação foi de 15% na média", calcula Neuto. Para o transportador de carga fechada, e da conteinerizada, o índice pode chegar a 28%.
A nova legislação, motivada por questões de segurança nas estradas, prevê paradas obrigatórias para descanso dos motoristas, ou autônomos (tratados de forma igual perante a legislação), a cada quatro horas, e estabelece um período de descanso de onze horas para cada 24 horas. Para as rotas de longa distância, de mais de 500 quilômetros, o impacto do custo dos motoristas é ainda maior, uma vez que a produtividade do transporte rodoviário é dada pela rodagem do caminhão. Quanto mais viagens forem realizadas, no mesmo período de tempo, maior a lucratividade da operação.
"O caminhão é a matéria-prima do nosso negócio", define Marcelo Patrus, diretor presidente da Patrus Transportes Urgentes, especializada em carga fracionada. Na mesma medida, é uma atividade pouco automatizada por definição. No caso da carga fracionada, para cada caminhão é necessário ter um motorista e dois ajudantes. "A perda da produtividade é grande, especialmente para rotas longas", diz. Como sua empresa tem 70% do faturamento originado em rotas de até 600 quilômetros, o impacto da nova lei no custo de transferência ficou na casa dos 10%.
Com uma frota de 800 veículos, entre leves e pesados, a Patrus conta com 1,4 mil motoristas, entre próprios e agregados. A legislação é cumprida de maneira integral, garante ele. Com clientes como Natura, Boticário, Nike, a transportadora mineira é cobrada por ações de responsabilidade social.
Na Della Volpe Transportes o momento é de espera. "Não estamos conseguindo repassar os custos para o cliente", afirma Francisco Carlos dos Santos, gerente comercial da empresa, que atua em diversos segmentos, como alimentício, papel e celulose, siderurgia, entre outros.
Fornecedora de transporte para grandes empresas como Suzano Papel e Celulose, Siemens, Gerdau, Nestlé, Basf entre outras, a Della Volpe está absorvendo a alta de 25% originada pelas novas regras trabalhistas.
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