“Trata-se de uma compra técnica. Além dos aspectos comerciais normais de todo veículo, como análise de preço, do valor de revenda, da garantia e da assistência técnica, é importante lembrar que carreta é um veículo comercial. Ela é um equipamento de transporte e sua produtividade será decisiva para o melhor resultado possível da atividade.”
A escolha ideal requer a avaliação de diversos aspectos. “Analisar o tipo de carga, os trajetos, as condições das rodovias (se serão sempre asfaltadas ou, vez ou outra, estradas rurais), como a carga será carregada (com empilhadeira ou manualmente), se o carregamento será feito pela traseira ou pelas laterais da carreta, tudo isso é importante para a escolha do veículo”, afirma Melo.
De acordo com ele, o mesmo estudo deve ser feito para as condições do local de entrega da carga. “Com esses dados, pode-se consultar os fabricantes de preferência para identificar o produto mais adequado às necessidades e recursos.”
Segundo Pelegrini, apesar de a análise para a aquisição do melhor tipo de carreta ser extensa e minuciosa, o caminhoneiro tem à disposição modelos que atendem à maior parte das exigências de cada segmento. “A opção do tipo de veículo depende da região em que o profissional vai operar. O modelo mais utilizado para diversos tipos de cargas é o semirreboque graneleiro.”
Melo confirma que o mercado brasileiro oferece uma infinidade de modelos de carretas. Mas, conforme o especialista, as chamadas multiuso, como graneleiras e de carga seca, ainda têm a preferência da categoria.
“É óbvio que carretas multiuso facilitam o frete de retorno com outro tipo de carga e, assim, ajudam no resultado do transporte rodoviário. Porém, carretas com pouca especialização baixam a produtividade do setor. Isso gera custo para o embarcador epara o transportador. É possível ter veículos com alguma multiplicidade de uso, desde que tenham acessórios especializados por segmento”, diz.
Segundo ele, para a produtividade máxima na operação, nenhum modelo de carreta multiuso é recomendado. “Para se ter boa produtividade, a especialização do veículo é imprescindível. Dos modelos atuais, o que melhor se adapta a muitos tipos de carga ainda é a graneleira.”
Melo afirma que a configuração da carreta também precisa ser estudada. “A capacidade de carga, o tipo de suspensão (eixos juntos ou afastados), suspensão mecânica ou pneumática são itens que influenciam nos custos do transporte.”
O presidente da seção de Transportadores Autônomos da CNT, José da Fonseca Lopes, lembra que a escolha da carroceria está diretamente ligada à escolha do cavalo mecânico. “Cada motor tem uma funcionalidade e, por isso, o caminhoneiro deve observar qual o uso da carreta. Para puxar uma composição dupla de sete ou nove eixos, por exemplo, o veículo precisa ser traçado (tração 6×4)”, explica.
Lopes também destaca que o conhecimento do motorista sobre a funcionalidade da carreta facilita o seu uso. De acordo com ele, cada tipo de carroceria requer um manuseio diferente e a forma como ele é realizado influencia na segurança do veículo e na qualidade da carga que está sendo transportada.
Newton Gibson, presidente da ABTC (Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga), afirma que o ideal é o autônomo procurar um fabricante credenciado e com vasta experiência no setor. “É preciso enfatizar a confiança no fabricante, pois um acidente com carreta costuma ser muito grave.”
De acordo com Gibson, a classificação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) estabelece um peso máximo por eixo para cada tipo de carreta. “A escolha adequada evita, por exemplo, a deterioração prematura do asfalto.”
A documentação é outro item importante. Segundo o dirigente, como qualquer veículo, a carreta necessita de emplacamento. “Além disso, é preciso tomar cuidado com a instalação dos engates do reboque, que deve ser executada por um profissional confiável e que tenha experiência no ramo para colocação da placa com os números de capacidade de tração.”
A Librelato, cuja matriz está instalada em Orleans (SC), fabrica implementos rodoviários para as linhas pesada e leve. O diretor de vendas, Pedro Mazzuco, recomenda que o caminhoneiro estude antecipadamente os financiamentos disponíveis.
“Com essa avaliação, o profissional tem a certeza de qual será o valor mensal de sua aquisição.” Mazzuco afirma que a preferência da categoria é pela menor taxa de juros e pelo maior valor possível a ser financiado.
Pelegrini, da Abcam, diz que o caminhoneiro autônomo tem preferência pela linha de financiamento conhecida como PSI-Procaminhoneiro (Programa de Sustentação do Investimento), oferecida pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), por meio das instituições financeiras habilitadas. Segundo Pelegrini, para 2014, o programa vai oferecer taxa anual de 6% paraa aquisição de carretas.
Vida útil do equipamento varia
Como todo veículo, as carretas também necessitam de troca depois de certo período, seja pelo desgaste natural do equipamento ou pelo tempo de uso. O segmento de atuação também interfere nas condições da carreta, sendo que o transporte de alguns tipos de carga pode acelerar o momento da renovação.
Para o engenheiro Rubem Penteado de Melo, especialista em veículos para o
transporte de cargas, as condições das rodovias por onde a carreta trafega também é fator relevante para a durabilidade do veículo. “Se o transporte for de minério de ferro, por exemplo, o momento da troca vai acontecer mais rapidamente. Caso o segmento seja de carga leve, em estradas com boas condições, a vida útil da carreta será bem mais longa.”
De acordo com ele, o momento ideal para a renovação se dá quando a manutenção começa a aumentar e a afetar o custo do transporte.
Claudinei Pelegrini, presidente da Abcam, afirma que o aumento dos gastos com a manutenção do veículo é um sinal de que o momento da troca chegou. “É comum o caminhoneiro exceder a tara indicada. Isso diminui a durabilidade da carreta.”
Segundo o dirigente, a idade do caminhão não acompanha a vida útil da carreta. “Uma carreta de qualidade pode ter maior durabilidade do que um caminhão”, afirma.
O presidente da ABTC, Newton Gibson, destaca que, no Brasil, a vida útil de uma carreta varia entre 10 e 15 anos, dependendo do modelo. Já a de um caminhão chega a 13 anos.
O dirigente diz que os motoristas precisam observar diversos itens para se certificar do momento de renovação da carreta. “Suspensão, tração, pneus e o tipo de aplicação interferem na vida útil de qualquer veículo. É importante que a manutenção da carreta seja periódica. Essa é a única forma de prolongar sua vida útil.”
Segundo Luiz Carlos Neves, presidente da Fenacat, o ideal seria que a renovação das carretas acontecesse a cada cinco anos. “Essa troca, no entanto, vai depender também da disponibilidade financeira do autônomo.”
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