Novo projeto deverá aperfeiçoar a Lei dos Motoristas

Mesmo que a Lei 12.619, a Lei dos Motoristas, tenha sido aprovada em mais de dois anos, ainda existem questionamentos com relação ao tempo de direção do motorista, devido ao grande impacto no transporte de cargas. Tanto representantes dos trabalhadores quanto dos empresários concordaram, durante o XVI Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (16), que a lei ainda precisa de aperfeiçoamentos.
Um dos pontos de discussão é a diferença apontada entre motoristas empregados e autônomos. De acordo com a lei, o motorista empregado pode trabalhar oito horas seguidas, podendo adicionar mais duas, totalizando dez. Enquanto isso, o autônomo pode dirigir 12 horas seguidas.
De acordo com o Diretor Jurídico da NTC&Logística, Marcos Aurélio Ribeiro, esse desequilíbrio pode prejudicar a oferta de emprego com carteira assinada e abre brecha para o trabalho escravo. “Porque o que querem manter nessa diferenciação com o autônomo? Querem continuar a exploração do profissional, que chega às raias de parecer trabalho escravo. Os autônomos precisam lutar para que essa lei também os regulamente. É preciso aproximar um ao outro”.
Todos devem ter esse descanso de 11 horas, sendo fracionado entre oito e depois mais três. Isso está sendo conversado. O motorista empregado pode trabalhar 8 + 2. O autônomo pode dirigir 12 horas. Se mudar e não houver a forma de aumentar a jornada do motorista de carga, nada será mudado. Deveria ser 2 horas extras + 2 horas extras com os dois tipos com 12 horas.
Assim que a lei surgiu, problemas aconteceram e começaram a ser enfrentados pelas entidades, como o repouso de 11 horas, que a lei traz uma diferenciação do motorista autônomo do empregado. É preciso um equilibro de tratamento entre os Caminhoneiros, senão haverá prejuízo na oferta de emprego de carteira assinada.
O Coordenador-Executivo do Fórum Nacional em Defesa da Lei 12.619/12 (FNDL), Epitácio dos Santos, concorda com essa mudança. “Não vemos dificuldade na possibilidade de termos um acerto em questões de aumento de jornada para 12 horas. Isso será colocado em convenção e quem quiser negociar, negocia”.
Marcos Aurélio também demonstra preocupação com alguns pontos da proposta de aperfeiçoamento da lei. Segundo ele, o objetivo não é revogar a lei, mas aproveitar o que ela tem de bom e acrescentar aquilo que for consenso entre empregado, autônomo e o empregador.
Outro fator que preocupa as entidades é a eficácia da lei. O entendimento é que a lei seja uma só e que não deve ser cumprida de forma “fatiada”. “Depois de muita discussão, estamos conversando sobre manter a fatiada, mas com um prazo, principalmente na questão dos pontos de paradas”, explica Marco Aurélio. A intenção é que continue a fatiar a lei, mas com um prazo de três anos para vigorar no país inteiro.
“Queremos uma lei aplicável, justa e que atenda o interesse do trabalhador, do empresário e da sociedade. Para isso, é preciso equilíbrio”, finaliza.



Montadoras e sindicatos querem usar o seguro-desemprego para pagar salários

imagem: google
Diante da ameaça de uma crise no setor automobilístico, com vendas no mercado interno e exportações em queda, empresas dando férias coletivas e abrindo programas de demissão voluntária (PDV), empresários e sindicalistas voltam ao governo federal para retomar discussões sobre a criação de um sistema nacional de proteção ao emprego.
A proposta é adotar um programa similar ao da Alemanha. O modelo alemão prevê que, em tempos de crise, os trabalhadores são afastados, mas não são demitidos. Eles continuam vinculados à empresa e recebem seus salários, boa parte paga pelo governo.
O programa é mais abrangente do que o lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) que vem sendo usado atualmente. Já foi discutido com o governo Dilma Rousseff em 2012, mas caiu no esquecimento, em parte porque naquele ano o mercado de carros estava bombando e registrou venda recorde de 3,8 milhões de veículos.
Em 2013, as vendas caíram 0,9%, após uma década de resultados crescentes. Os negócios seguem cambaleantes em 2014. No primeiro trimestre, as vendas foram 2,1% menores do que no mesmo período do ano passado.
Cerca de 1,5 mil trabalhadores perderam emprego nas montadoras desde o início do ano. De cada vaga nas fábricas de veículos dependem, em média, entre três e cinco empregos no resto da cadeia produtiva. Hoje com pátios cheios, a saída tem sido as paralisações pontuais nas linhas de montagem.
Além de férias e PDV, algumas empresas optaram pelo lay-off. Nesse mecanismo, o funcionário é afastado e parte dos salários é bancada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), do Ministério do Trabalho, mas essa contribuição é limitada a cinco meses.
Seguro-desemprego
Pelo novo modelo em discussão, a dispensa teria duração de até dois anos, mas não é integral. A jornada de trabalho seria reduzida em 20% a 50% e o governo arcaria com 60% a 80% do valor equivalente às horas reduzidas. A diferença seria bancada pelas empresas e o trabalhador arca com parcela menor da redução.
Os porcentuais que caberão a cada parte ainda estão sendo analisados, informa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques. A parcela do governo viria do FAT, mas da verba usada para o seguro-desemprego (pago durante cinco meses aos demitidos sem justa causa).
Marques aguarda para os próximos dez dias um encontro com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para discutir o tema. Em 2012, após visita de representantes da indústria, dos trabalhadores e do governo brasileiro à Alemanha para conhecer o programa local, o assunto foi debatido no âmbito federal, mas não se chegou a uma proposta.
“Achamos que esse é o momento para retomarmos a discussão sobre um plano de estabilização dos empregos, mas pensamos no longo prazo e não apenas na situação atual”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan.
“O importante é buscar uma alternativa envolvendo as três partes: empresários, governo e trabalhadores”, diz Moan. O formato do programa, continua, está em análise e virá de um consenso entre as três partes.
Moan afirma que a economia, e o setor automotivo, têm ciclos de crescimento e de baixa, por isso a importância de se ter um sistema de proteção para ser adotado quando necessário. O modelo serve também para os demais setores da economia.
“Vários países na Europa têm programas nessa linha, mas nossa base é o modelo alemão, o mais eficiente”, diz Marques. “Tanto que, em plena crise europeia, a taxa de desemprego na Alemanha se alterou pouco e o mérito é a preservação do vínculo do funcionário na empresa.”



Aumento de roubo de cargas em 2013


Projeção divulgada em seminário na Câmara dos Deputados, realizado no dia 16 último, aponta que o número de roubos de cargas de caminhões em todo o Brasil continua aumentando. Estima-se que, em 2013, os casos de roubos de cargas tenham chegado a 15 mil e 200, superando o ano de 2012, quando foram registrados 14 mil e 400 casos.

A estimativa foi divulgada pelo assessor de Segurança da Associação Nacional dos Transportadores de Carga & Logística (NTC&Logística), coronel Paulo Roberto Souza, durante o 14º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas. O evento foi promovido pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara.

De acordo com o coronel Paulo Roberto Souza, os dados de 2013 ainda não foram fechados, porque a associação está aguardando informações de alguns estados. O prejuízo às empresas com os roubos de cargas deve ter chegado a um bilhão de reais no ano passado. A maior incidência desse crime está na Região Sudeste: aproximadamente 52% dos casos no estado de São Paulo e 23% no do Rio de Janeiro.
Para reduzir o número das ocorrências, representantes do setor defenderam, durante o seminário, mudanças na legislação. Uma delas é o aumento da pena para quem recebe as cargas roubadas. Atualmente, por ser considerado um crime de menor potencial ofensivo, a receptação de cargas roubadas só leva uma pessoa à prisão depois de uma longa investigação criminal, quando se prova que é um crime qualificado.



RNTRC: Recadastro de veículos será cobrado a partir de novembro

A validade do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) vence no próximo mês de maio. Com isso, as cooperativas de transporte de cargas, empresas e profissionais autônomos deveriam renovar as informações e promover o recadastramento. Contudo, como resultado do retorno das atividades do Grupo de Estudos de Transporte Rodoviário de Cargas, instituído no ano passado pelo Ministério dos Transportes, o órgão decidiu dilatar o prazo para novembro.
Encontro
O encontro ocorreu na sexta-feira 11/04, em Brasília. A prorrogação do prazo terá duas finalidades: a criação de novas regras para cadastro dos transportadores no RNTRC e a implantação do RNTRC eletrônico para o atendimento às necessidades imediatas do setor, dando continuidade ao aprimoramento regulatório do setor, com utilização de novas tecnologias.
Informações mais precisas
Com isso espera-se ter informações mais precisas a respeito do seguinte: movimentação de cargas nas rodovias brasileiras, origem e destino das viagens realizadas, dados sobre fretes praticados, menos tempo no pedágio, menos tempo na fiscalização, dentre outros.
Estudo
Além deste assunto, também constou da pauta do Grupo de Estudos de Transporte Rodoviário de Cargas o resultado de uma pesquisa realizada pela ANTT em parceria com a Polícia Rodoviária Federal. Fiscais dos órgãos acompanharam durante várias semanas a rotina de caminhoneiros que seguiam rumo ao Porto de Santos. O objetivo foi conhecer a realidade do setor, observando aspectos estratégicos como o agendamento para desembarque no porto, pontos de paradas, condições das estradas, dentre outros.



Transporte registra inflação de 1,38% em março

O setor de transportes registrou alta de 1,38% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo o IBGE. No mês anterior, a alta de preços para o segmento havia desacelerado, e o item havia registrado uma leve queda de 0,05%. 

Entre as razões para o resultado estão o Carnaval tardio e a Copa do Mundo. Os dois eventos pressionaram os preços das passagens aéreas. O item, conforme o IBGE, teve elevação de 26,49%. Apesar disso, no acumulado de janeiro a março deste ano, as passagens acumulam queda de 15,46%.
O aumento do preço dos insumos também favoreceu o resultado da inflação no setor em março. O óleo diesel, um dos mais representativos para o setor, teve elevação de 1,61%. E a projeção é que a alta se repita na próxima divulgação do indicador, já que em 1º de abril passaram a vigorar valores reajustados de combustíveis em 13 estados.

Ainda em março, o óleo lubrificante teve inflação de 1,77% e os pneus de 1,18%. Já os taxistas e condutores de automóveis viram o preço da gasolina subir, em médiam 1,31%, e o do gás veicular 1,75%.

  Fonte: Agência CNT de Notícias



Excesso de carga representa risco para condutores e reduz vida útil do asfalto

http://www.blogiveco.com.br/wp-content/uploads/2011/08/pesagem-obrigatoria.jpgConduzir um caminhão com sobrecarga é uma infração considerada média pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Se o motorista for flagrado, paga R$ 85,13, com um adicional que varia de acordo com a quantidade de carga que está acima do limite. A penalidade pode ser de até R$ 53,20 para quem está transportando um excedente superior a cinco mil quilos. Além disso, o caminhão fica retido até que seja providenciado o transbordo da carga.
 
Mas esta prática representa muito mais que uma violação da lei. Significa um risco adicional para o motorista, para outros usuários da rodovia, danos ao caminhão e redução da vida útil do asfalto.

Além disso, conforme o diretor técnico executivo da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), Neuto Gonçalves dos Reis, a atitude cria uma condição de concorrência desleal: “O caminhoneiro leva uma lotação maior pelo mesmo preço, fazendo o frete baratear. Mas ele não conta o aumento do custo operacional, porque se você aumenta, por exemplo, 20% da carga em um eixo, isso dobra o efeito sobre o pavimento”. Ou seja, no final, o que parece ser vantagem reverte em custos adicionais com a manutenção do veículo, dos pneus, com o consumo de combustível, com as estradas mais esburacadas e com a redução da vida útil do caminhão.

Riscos à segurança
“Todo veículo é fabricado com uma capacidade determinada. Quando essa capacidade é excedida, seja no peso total, seja no peso por eixo, há um efeito sobre a estabilidade do caminhão e isso pode causar acidentes”, explica o instrutor do Sest Senat Eduardo Carvalho Santos, de Cariacica (ES). Ele explica que o problema ainda pode provocar danos à estrutura do caminhão e até estourar um pneu, já que cada unidade tem resistência para um limite de peso. “Quanto mais carga, menor é a segurança”, esclarece ele.

A indicação do limite da carga total e por eixo está disponível no chassi, na porta e também no manual do caminhão. Este total varia de acordo com o modelo e o fabricante do veículo, a quantidade de pneus e de eixos e a distância entre eles.

Danos à infraestrutura
Conforme o professor de Engenharia de Produção e Transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), João Albano, um dos principais problemas causados pelo excesso de carga é a deterioração prematura dos pavimentos. A vida útil de uma rodovia cai, em media, 30%. Mas naquelas em que o tráfego é mais intenso, nos casos em que servem para escoamento da produção, a redução chega a 70%. Assim, o pavimento feito para durar dez anos, resiste sete. Nos casos mais extremos, apenas três anos.

E nem sempre a manutenção acompanha a velocidade dos danos. O resultado é um processo de deterioração que só se agrava. “O primeiro problema que aparece é a ondulação longitudinal, o asfalto afunda onde passam os pneus e há um escorregamento para o lado”, explica o professor. Depois, diz ele, surgem os buracos, as trincas e, a partir disso, infiltração de água que danifica a estrutura da rodovia.

Fiscalização deficiente: CGU estima prejuízo anual de R$ 1,4 bi
Em 2006, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) lançou o Plano Diretor Nacional Estratégico de Pesagem (PDNEP), com o objetivo de contratar empresas para a execução de serviços para manutenção e implantação de sistemas fixos e móveis de pesagem de cargas. Contudo, relatório divulgado pela Controladoria Geral da União (CGU) no ano passado apontou que, cinco anos depois, a primeira etapa do PDNEP ainda não havia sido concluída. O órgão apontou a necessidade de contratação de 700 agentes de trânsito, aumento no número de policiais rodoviários federais e no espaço dos postos de pesagem.

Para o diretor técnico executivo da NTC&Logística, Neuto Gonçalves, uma das soluções é criar a pesagem automática, que não depende da presença, no local, de um agente de trânsito.

Segundo o DNIT, atualmente há 73 postos de pesagem em funcionamento nas rodovias administradas pela União. O órgão afirma que trabalha em modificações na proposta original do Plano para implementar novas tecnologias na fiscalização. O objetivo é instalar Postos Integrados Automatizados de Fiscalização (PIAFs) em 16 BRs. O modelo possibilitará a pesagem de cargas na velocidade normal da via, o que deve reduzir a necessidade de agentes de trânsito nos postos, aumentar a eficiência na fiscalização e diminuir o tempo de paradas dos veículos nas balanças. Atualmente há dois processo abertos para contratar as empresas que implantarão novos sistemas em 12 rodovias federais.

O professor João Albano sustenta, ainda, que os estados também devem focar neste tipo de fiscalização. Ele salienta que, se a rodovia federal estiver fiscalizada, a tendência natural do infrator é buscar uma rota alternativa, que geralmente são as estaduais. “Então, os governo estaduais também deverão ficar atentos, para não serem onerados”, complementa.

Tolerância no excedente de peso
Normas atualmente em vigor estabelecem uma tolerância para o excedente de peso total da carga, de 5%, e em cada eixo, de 7,5%. Conforme Neuto Gonçalves, no caso do peso por eixo, o ideal seria aumentar para 10%, porque é o problema que mais gera multas quando se trata de sobrepeso. “Isso porque”, explica ele, “os transportadores não têm a balança que verifica o peso por eixo, apenas o total do caminhão e da carga”. O diretor técnico da NTC&Logística esclarece, ainda, que “há equipamentos que são difíceis de remanejar, cargas que se mexem e se acomodam durante o transporte e outras que variam de densidade, especialmente carga líquida, o que dificulta o controle da distribuição de carga”. A solicitação já foi feita ao Ministério dos Transportes.
 
Fonte: Agência CNT de Notícias