Postos de combustíveis já repassam aumento da gasolina ao consumidor

Reajuste foi autorizado na noite de terça-feira (29).
Aumento para a gasolina foi de 6% e para o diesel, de 4%.

Posto de combustível trocava os preços até do álcool no inicio da tarde desta quarta-feira (30) (Foto: G1)

O reajuste do preço da gasolina e do diesel para as distribuidoras foi anunciado pela Petrobras na noite desta terça-feira (29) e, menos de 24 horas depois, os postos já começavam a aumentar o preço dos combustíveis.

Na manhã desta quarta-feira (30), o presidente do sindicato dos donos de postos de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Gouveia, havia dito que o repasse era certo e que deveria ser feito até o final desta semana.

"O revendedor vai ter que repassar [o aumento] porque não tem gordura. Até sexta, com certeza. Não vai ter como segurar. Para o dono do posto, o aumento do custo do combustível vai ser de R$ 0,17 [por litro]. Se o dono não quiser aumentar mais, no mínimo vai ter que repassar o custo", afirmou Gouveia.

Nesta terça-feira, a petroleira anunciou reajustes nos preços de venda da gasolina e do diesel nas refinarias a partir da 0h desta quarta. O aumento para a gasolina é de 6% e para o diesel, de 4%.

O aumento vem em um momento de crise, em que a estatal tem de lidar com uma dívida crescente, com a queda dos preços do petróleo e com denúncias de corrupção.

Embora os preços internacionais tenham caído dramaticamente, o enfraquecimento do real contra o dólar neste ano significa que os preços na bomba no Brasil permanecem baixos, segundo a agência Reuters.

O aumento pode dar maior impulso à já elevada inflação do Brasil, que economistas do mercado financeiro preveem que atingirá 9,5% em 2015.
Reajustes nos estados

Acre
Em Rio Branco, o preço médio praticado pela gasolina é de R$ 3,73, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Bicombustíveis (ANP). Portanto, com o aumento, o valor deve chegar à casa R$ 3,93. Já o litro do diesel atualmente é vendido por em torno de R$ 3,48 e deve chegar a R$ 3,63.

Amapá
Os postos de combustíveis do Amapá deverão reajustar os preços da gasolina e do diesel, informou Rodrigo Utzig, presidente do Sindicato dos Revendedores de Biocombustíveis no estado (Sindipostos). Ele explicou ainda que não há data prevista para que o aumento seja repassado ao consumidor, mas que o valor mínino deverá ser de R$ 0,30 para a gasolina e R$ 0,15 para o diesel.

Bahia
Após anúncio da Petrobras no reajuste nos preços de venda de combustíveis, o G1 percorreu postos em Salvador e observou que até o final da manhã desta quarta-feira (30), o aumento de 6% ainda não havia sido aplicado.

Pará
O preço dos combustíveis sofrerá um aumento a partir desta quarta-feira (30) em todo o Pará. O preço médio do litro da gasolina comum comercializado em Belém era de R$ 3,390. O menor preço encontrado por litro foi de R$ 3,280 e o maior foi de R$ 3,499.

Rondônia
O preço do litro da gasolina nos postos de combustíveis de Rondônia deve aumentar cerca de R$ 0,20, segundo cálculo é do Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados de Petróleo do estado (Sindipetro-RO). O repasse para o consumidor final deveria acontecer a partir de quinta-feira (1º), mas alguns postos já reajustaram os valores.

Rio Grande do Sul
Pouco menos de 12 horas depois do anúncio da Petrobras de reajuste de combustíveis nas refinarias, alguns postos de Porto Alegre já aumentaram os valores nas bombas nesta quarta-feira (30). Em nove postos visitados pela reportagem do G1 nas avenidas Ipiranga, José de Alencar e Praia de Belas, três deles já elevaram os preços dos combustíveis.

Aumentos anteriores
Em novembro de 2014, a Petrobras já havia aumentado o preço de venda nas refinarias da gasolina e do diesel, com altas de 3% e 5%, respectivamente. Em janeiro de 2015, a tributação incidente sobre a gasolina e o diesel também foi elevada, conforme o decreto presidencial 8.395, publicado no "Diário Oficial da União".

O aumento foi repassado ao consumidor pelos postos de gasolina. De acordo com o Fisco, o impacto do aumento seria de R$ 0,22 por litro para a gasolina e de R$ 0,15 para o diesel. Porém, o aumento variou em postos diferentes.

Em agosto, a Petrobras anunciou também aumento do preço do gás de cozinha - o gás liquefeito de petróleo para uso residencial, envasado em botijões de até 13 kg (GLP P-13). A alta média anunciada foi de 15%.








PRF flagra fraude em nota fiscal de carga gigante

carga caminhao

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) detectou nesta quinta-feira (24) uma fraude em duas notas fiscais de uma carga excedente fiscalizada em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná.
O motorista da carreta que transportava a peça apresentou aos policiais rodoviários federais duas notas fiscais e uma autorização especial de tráfego que apontavam um peso da peça de 35,7 toneladas.
Em consulta ao sistema da Receita Federal, a equipe da PRF constatou que as notas fiscais originais apontavam um peso diferente para a mesma peça, de 69 toneladas –33,3 toneladas superior ao dos documentos impressos apresentados.
O veículo foi abordado na BR 376, em frente ao Posto Furnas da PRF. A peça é o corpo de um aerogerador, utilizado em torres de usinas eólicas.
O motorista, de 38 anos de idade, foi detido e encaminhado à Delegacia da Polícia Federal em Ponta Grossa por falsificação de documento fiscal.



ANTT publica planilha que simula custos de frete


A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou em seu site, planilha que possibilita a simulação dos custos da operação dos serviços de transporte rodoviário remunerado de cargas por conta de terceiros. A ação é resultado dos estudos realizados pelo grupo de trabalho coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República e pelo Ministério dos Transportes, em atendimento às demandas dos caminhoneiros.
Idealizada com base na Resolução ANTT nº 4.810/2015, que estabelece metodologia e publica parâmetros de referência para cálculo dos custos de frete, a planilha tem o objetivo de contribuir para que o transportador tenha um melhor entendimento da estrutura de custos envolvidos na execução do transporte rodoviário de cargas. Vale lembrar que o documento foi pensado para operações de transporte de carga lotação – quando uma única carga ocupa a capacidade máxima do caminhão – e não assume o lucro do transportador ou outras despesas indiretas incidentes na operação.
Por se tratar da primeira versão, sugestões de aprimoramento poderão ser encaminhadas para a Ouvidoria da ANTT pelo telefone 166 ou pelo e-mail ouvidoria@antt.gov.br. Também é possível enviar sugestões por meio da aba Fale Conosco do site da Agência.
Fonte: ANTT



Extintor de incêndio em carro deixará de ser obrigatório

Decisão ocorre semanas antes de troca do equipamento ser exigida.
Desde o fim de 2014, novo tipo de extintor sumiu de lojas e preço subiu.

Extintor do tipo ABC será obrigatório em carros a partir de 1º de abril deste ano (Foto: Luciana Amaral/G1)

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu em reunião nesta quinta-feira (17) que o  uso do extintor de incêndio em carros, caminhonetes, camionetas e triciclos de cabine fechadas, será opcional, ou seja, a falta do equipamento não mais será considerada infração nem resultará em multa.

A entidade justifica que os carros atuais possuem tecnologia com maior segurança contra incêndio e, além disso, o despreparo para o uso do extintor poderia causar mais perigo para os motoristas.

O fim da obrigatoriedade do extintor para carros começará a valer a partir da publicação da resolução, o que deverá ocorrer nos próximos dias, diz o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Desde 1970, rodar com veículos sem o equipamento ou com ele vencido ou inadequado é considerado infração grave, com multa de R$ 127,69 e mais 5 pontos na carteira de motorista. O Brasil é um dos poucos países que obrigava automóveis a ter o extintor. Nos Estados Unidos e na maioria das nações europeias não existe a obrigatoriedade.

O equipamento continuará sendo exigido no país apenas para caminhões, caminhão-trator, micro-ônibus, ônibus e veículos destinados ao transporte de produtos inflamáveis.

Muita gente trocou o extintor
A medida foi anunciada pouco antes de começar a valer a obrigatoriedade dos extintores do tipo ABC, prevista para 1º de outubro. Quem não fizesse a substituição poderia ser multado.

O Contran havia decidido pelo uso desse tipo de equipamento porque ele combate o fogo em mais tipos de materiais do que o do tipo BC, que equipava carros até alguns anos atrás.

A exigência da troca começou a valer em 1º janeiro deste ano e provocou correria às lojas no fim do ano passado, resultando em falta do produto e denúncias de preços exorbitantes e de venda de equipamentos vencidos "maquiados" como novos.

Com isso, ela foi adiada para abril, para que as fabricantes conseguissem aumentar a produção e atender à demanda, Mas o extintor continuou em falta em diversas cidades e houve novos adiamentos.

Depois da terceira e última prorrogação do prazo, para outubro, o Contran realizou reuniões e ouviu dos fabricantes que era necessário um tempo maior, de cerca de 3 a 4 anos, para atender à demanda. Porém, segundo o presidente do conselho, essa justificativa já estava sendo dada pelas indústrias há 11 anos. E foi decidido o fim da obrigatoriedade para carros.

A decisão repercutiu nas redes sociais e é comparada à do kit de primeiros socorros, que passou a ser obrigatórios nos carros em 1998 e, no ano seguinte, a exigência foi derrubada.

O que diz o Contran
"A mudança na legislação ocorre após 90 dias de avaliação técnica e consulta aos setores envolvidos", diz a nota do Contran. Segundo o órgão, o uso do extintor sem preparo representa mais risco ao motorista do que o incêndio em si. E o Contran citou a baixa incidência de incêndios entre o volume total de acidentes com veículos, e um número menor ainda de pessoas que dizem ter usado o extintor.

De acordo com o Contran, a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) informou que dos 2 milhões de sinistros em veículos cobertos por seguros, 800 tiveram incêndio como causa. Desse total, apenas 24 informaram que usaram o extintor, equivalente a 3%.

Estudos e pesquisas realizadas pelo Denatran constataram que as inovações tecnológicas introduzidas nos veículos resultaram em maior segurança contra incêndio, afirma a nota.

Entre as quais, o corte automático de combustível em caso de colisão, localização do tanque de combustível fora do habitáculo dos passageiros, flamabilidade de materiais e revestimentos, entre outras.

Segundo o próprio conselho, as autoridades consideram que falta de treinamento e despreparo dos motoristas para o manuseio do extintor geram mais risco de danos à pessoa do que o próprio incêndio.

"Além disso, nos 'test crash' realizados na Europa e acompanhados por técnicos do Denatran, ficou comprovado que tanto o extintor como o seu suporte provocam fraturas nos passageiros e condutores”, explica o presidente do conselho.





Preços da gasolina e do diesel S-10 sofreram reajuste de 12% em um ano


Em doze meses, o preço médio do litro da gasolina, no Brasil, aumentou 10%. Já o do diesel S-10 (combustível menos poluente e mais adequados às tecnologias dos veículos mais novos) subiu 12%.
Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), em setembro de 2014, a gasolina era comercializada, na média, a R$ 2,96. Neste mês, o valor do litro está a R$ 3,27. O preço mais alto é encontrado no Acre, onde o combustível custa cerca de R$ 3,79 e o mais baixo no Piauí, a R$ 3,15.
Já o litro do diesel S-10 custava, em setembro de 2014, R$ 2,64 na média nacional. Agora, está R$ 2,95. O maior valor é R$ 3,42, também encontrado no Acre, e o menor é R$ 2,84, nos postos do Paraná.
Conforme o economista e professor da UnB (Universidade de Brasília) Newton Marques, a elevação da carga tributária foi o fator que mais impactou na alta. No começo do ano, o governo federal determinou a elevação da taxa de PIS/Cofins, além de reativar a CIDE, para elevar a arrecadação.
E como no país o modal rodoviário é o mais utilizado para o transporte, Newton Marques explica que isso impacta diretamente no custo de vida dos brasileiros. “O aumento ocorre em cadeia. O combustível encarece o frete e isso impacta diretamente no preço final dos produtos”, diz.
Outro fator que influenciou, segundo ele, foi o aumento do preço cobrado nas refinarias. Como os valores dos combustíveis são controlados, o governo federal vinha mantendo-os congelados para evitar o aumento da inflação. Neste ano, no entanto, a Petrobrás repassou a alta às distribuidoras e, assim, chegaram às bombas.
Newton Marques lembra, ainda, que o aumento do percentual de álcool na mistura com a gasolina (que chegou a 27% a partir de março) também tem seu papel. Isso porque, o preço do etanol está sujeito aos resultados da produção de cana-de-açúcar. A entressafra, por exemplo, que ocorre aproximadamente de novembro a maio, tende a pressionar os valores nos postos de combustível.
A possibilidade de o governo federal determinar novo aumento na Cide para elevar a arrecadação, na avaliação de Newton Marques, não seria uma alternativa viável economicamente a ser adotada pelo governo federal. Isso porque, segundo ele, a medida provocaria, como efeito, um aumento significativo de preços no transporte, com impacto direto em diversas cadeias produtivas e na inflação.



Estudo mostra que 80% dos motoristas autônomos rodam vazios


Lançado em 2013 pelo empreendedor Carlos Mira, o TruckPad, aplicativo de smartphones desenvolvido para motoristas de caminhões e empresas de transporte, tem como metas principais agilizar a oferta de carga, aumentar a eficiência do setor e reduzir o número de carreteiros ociosos. Estudo realizado em 2012 pela Confederação Nacional do Transporte, mostra que 80% dos motoristas autônomos rodam vazios no Brasil. Isso significa um desperdício de tempo, combustível e receitas para o caminhoneiro. Além disso, caminhões vazios representam uma percentagem significativa do congestionamento de caminhões e da emissão de CO2, principal gás responsável pelo efeito estufa, trazendo prejuízos para toda a população.
“Quando não conseguem cargas, os motoristas dirigem caminhões vazios e esse problema acaba afetando também o trânsito e o meio ambiente. Agora com o TruckPad, o profissional não precisa rodar ocioso em busca de carga. O motorista simplesmente abre o aplicativo e vê as ofertas de carga mais próximas do local onde se encontra”, explica Carlos Mira, fundador de CEO do TruckPad.
O aplicativo, atualmente disponível para Android, funciona da seguinte maneira: para o carreteiro, basta incluir seus dados – tipo de caminhão e carroceria – e dizer para quais regiões costuma viajar. Ao finalizar o cadastro, o motorista já começa a receber as ofertas de carga e escolhe a de seu interesse. Já as empresas podem entrar no site do TruckPad (www.truckpad.com.br), colocar a origem e destino, o tipo da carga e as características do caminhão que precisa. No mesmo momento, aparecerá, em um mapa, a localização dos profissional que podem fazer o frete. Então, a empresa envia a oferta de frete e, por meio de um chat, acerta com o caminhoneiro o serviço. Em menos de dois anos de existência, o app possui 320 mil caminhoneiros cadastrados e mais de 25 mil cargas ofertadas diariamente. Cerca de três mil empresas já usam o sistema, que espera movimentar R$ 1 bilhão em fretes no próximo ano.



Associação de caminhoneiros poderá criar fundo para cobrir danos aos veículos


As associações de transportadores de pessoas ou cargas poderão criar fundo próprio, custeado pelos associados, para cobrir despesas por acidentes ou furto de veículos dos sócios. Proposta nesse sentido foi aprovada nesta terça-feira (15) na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).
A medida atende demanda dos caminhoneiros, conforme afirma o autor do PLS 356/2012, senador Paulo Paim (PT). Ele explica que a insegurança nas estradas é preocupação crescente desses profissionais, que enfrentam ainda grande dificuldade de contratação de seguro para os caminhões.
— As seguradoras se recusam a assegurar veículos com mais de 15 anos de uso ou cobram valores impossíveis de serem pagos pelos motoristas autônomos — disse Paim.
O relator na CMA, Eduardo Amorim (PSC-SE), afirma que a dificuldade é maior para caminhoneiros autônomos, uma vez que empresas com grandes frotas conseguem fechar contrato de seguro e absorver o valor cobrado pelas seguradoras.
Os caminhoneiros têm se organizado em associações, que possibilitam a oferta de serviços de monitoramento e rastreamento dos veículos, além de cobertura de despesas em caso de acidente ou roubo. Essa cobertura, no entanto, tem sido questionada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), que diz tratar-se de atividade à margem da lei.
O projeto visa dar amparo legal a esse serviço prestado pelas associações de caminhoneiros, que estarão autorizadas a formar fundo para ajuda mútua, de uso exclusivo para prevenção e reparação de danos ocasionados aos veículos.
— Não podemos fechar os olhos para esses brasileiros heróicos que trocam os dias e as noites, para desbravar, com audácia, as perigosas estradas brasileiras na missão de abastecer as casas de todos os cidadãos espalhados por este país de extensão continental — ressaltou o relator.
Eduardo Amorim apresentou emenda para ajuste de redação, sem alteração de mérito. A votação do projeto foi acompanhada por caminhoneiros e entidades que representam a categoria. A iniciativa de Paulo Paim recebeu apoio do presidente da CMA, Otto Alencar (PSD-BA), e dos senadores Jorge Viana (PT-AC), Douglas Cintra (PTB-PE), Donizeti Nogueira (PT-TO) e Ataídes Oliveira (PSDB-TO).
A matéria segue para votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).




Governo não tem condições de fazer cumprir o descanso da Lei dos Caminhoneiros

Como ainda não pode indicar os pontos de parada e descanso nas rodovias que atendam a legislação, 180 dias depois da entrada em vigor da  Lei 13.103/15 , o Governo Federal assume que não tem como fiscalizar a jornada e tempo de direção dos caminhoneiros e ainda publica mapa confirmando isso

Ao sancionar a Lei 13.103/15, a chamada Lei dos Caminhoneiros, o Governo Federal assumiu a responsabilidade de indicar os Pontos de Parada e Descanso (PPD) para os motoristas profissionais realizarem sua parada obrigatória ou pernoite. Para isso, o Ministério do Trabalho publicou em 09 de julho de 2015 a Portaria 994 que estabelecia as condições mínimas exigidas para que um local pudesse ser considerado um PPD- Ponto de Parada e Descanso.
Nas rodovias estaduais ou concedidas os órgãos e empresas responsáveis pela administração da via ficaram com a atribuição legal de divulgar a relação dos PPDs nas rodovias sob seu controle. Passados 180 dias da entrada em vigor da nova Lei, não existe nenhum ponto de parada no país credenciado. O Ministério dos Transportes publicou apenas uma lista dos trechos em que potencias PPDs manifestaram interesse em serem indicados mas reconhece que nenhum atende a Portaria do Ministério dos Transportes. 
Com isso os motoristas podem alegar que não pararam por falta de ponto. A lista preparada pela ANTT- Agência Nacional de Transportes Terrestres indica “trechos em processo de adequação”mas nenhum ponto que cumpra as exigências. Portanto, são 69 mil quilômetros de rodovias federais, somando concedidas e não concedidas, sem teoricamente nenhum local para que o caminhoneiro pare atendendo a legislação em vigor. Veja o mapa da ANTT.
Consultada a Polícia Rodoviária Federal ficou de emitir nota com o seu posicionamento mas a assessoria reconheceu que o imbroglio deixa o patrulheiro praticamente sem condições de fiscalizar a jornada e as paradas dos motoristas. As demais polícias rodoviárias estão sem nenhuma orientação e não estão fiscalizando.
O mesmo problema da falta de pontos credenciados ocorre nos estados. Em São Paulo, a ARTESP publicou a relação postos na quarta-feira depois que soube que tinha vencido o prazo legal de 180 dias. Na lista acessível no site são indicados 395 postos e 06 estacionamentos. O levantamento foi anterior as exigências da Portaria do Ministério do Trabalho, portanto, não leva em consideração as novas exigências e não serve para atender a Lei 13.103/15.
Mesmo assim, são 280 postos de combustível e 06 estacionamentos das concessionárias que oferecem 12.837 vagas de estacionamento para pernoite, média de 200 vagas a cada 100km de rodovias concedidas. Além disso, existem mais 115 postos de combustível que informam não ter vaga para pernoite mas onde o motorista pode usar o toilete, fazer uma refeição.  Muitos desses postos reconhecem que tem vagas que podem ser usadas para pernoite mas é preciso abastecer em média 200 litros.
A justificativa é simples, eles preferem reservar as vagas para os seus clientes que consomem combustível. “Não é justo deixar um caminhoneiro que não gasta nada usar meu estacionamento de graça e o caminhoneiro que gasta ficar sem local para pernoite.”, explicou o gerente de um posto que na relação da Artesp aparece como sem nenhuma vaga.
A Artesp informou ainda, através da sua assessoria de imprensa: “A Artesp prioriza a autorização de novos postos que atendam em seus projetos facilidades para os caminhoneiros, prática que está sendo reforçada após a promulgação da Lei.”
Muitos empresários do setor de postos não querem ser credenciados como PPDs pois temem com isso assumir a responsabilidade de atender caminhoneiros e transportadoras que não geram nenhuma receita.  “A transportadora ganha pelo frete, o caminhoneiro pelo serviço , a concession[aria no pedágio, o embarcador na venda da carga e querem que o posto atenda todo mundo de graça ?”, argumenta o proprietário de outro posto na Dutra que não quis ser identificado.
Os demais estados não divulgaram nenhuma relação de pontos de parada, nem mesmo postos de rodovias onde existem estacionamento, independente de cumprirem a Portaria do Ministério do Trabalho. Na maioria dos casos os assessores de imprensa estavam completamente desinformados sobre a Lei 13.103/15, principalmente quanto a exigência de locais credenciados como Pontos de Parada e Descanso (PPD).
O DER – Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro admitiu que não indica pontos e acrescentou: “A Assessoria de Comunicação do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) informa que o órgão não dispõe destes “locais para repouso e descanso dos motoristas profissionais”, conforme dispõe a Lei Nº 13.103, de 2 de março de 2015 da Presidência da República. E atenta para o 3º parágrafo do Artigo 9º desta lei, onde se lê que “será de livre iniciativa a implantação de locais de repouso e descanso de que trata este artigo”.
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) disse que não é atribuição das entidade indicar pontos de parada. Entretanto, muitas concessionárias de rodovias estão interessadas em assumir a responsabilidade pela construção de áreas de descanso para os motoristas profissionais. Para isso, querem um aumento no pedágio para compensar os investimentos e manter o equilíbrio econômico dos contratos.
Na prática fontes do Estradas esclarecem que as concessionárias querem aproveitar para cobrar mais do que efetivamente custa, exatamente como está acontecendo com a isenção de pedágio por eixo suspenso de caminhão vazio, em que conseguiram aumentar muito mais as tarifas do que o índice previsto em contrato a fim de “compensar”os prejuízos. Mas nem a ANTT e muito menos as concessionárias apresentaram os cálculos que justificaram o aumento excessivo do pedágio.
Para o Coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, a situação comprova o alerta feito pela entidade desde que começaram a discutir a revogação da Lei 12.619/12, que antecedeu a atual, de que existiam pontos de parada no Brasil como São Paulo revela, mas que a intenção dos autores da Lei foi criar exigências que tornassem inviável fiscalizar o cumprimento dos controles de jornada e tempo de direção contínua. 
Para isso mandaram o Governo indicar os pontos e assumir as exigências do que seria o padrão mínimo. O Ministério do Trabalho, por sua vez, tem que regular uma atividade que desconhece e naturalmente passa a exigir obrigações que os postos não querem atender pois exigem investimentos que não terão retorno.
“Transporte é um negócio, atividade privada, cabe aos embarcadores e transportadores encontrarem solução para estacionamento seguro. Por exemplo, pagarem um adicional por noite para o motorista da carreta que pernoita na estrada para que o caminhoneiro possa pagar um estacionamento fechado. Podem fazer acordo com postos de combustível ou criarem seus próprios pontos de apoio como muitos fazem e as empresas de ônibus sempre fizeram. O Governo nunca assumiu a responsabilidade de construir ou homologar pontos de parada de ônibus nas rodovias e as empresas encontraram suas próprias alternativas. O Governo assumiu uma obrigação que não é sua e agora se desmoraliza.”, esclarece Rizzotto.
As consequências, na avaliação do Coordenador do SOS Estradas é que teremos cada vez mais acidentes porque os motoristas e empresas podem alegar que não tem local credenciado como Ponto de Parada que atenda a Lei 13.103/15. ”Hoje não existe nenhum ponto de parada que atenda a legislação em vigor apesar do Brasil possuir uma das maiores e melhores redes de paradas do mundo.
Ao mesmo tempo, estamos expondo os policiais rodoviários ao ridículo porque eles não podem fiscalizar mesmo vendo que o motorista está dirigindo em excesso de jornada e que coloca em risco a própria vida e de terceiros. O resultado só pode ser aumento da exploração dos motoristas e das mortes nas estradas.”, finaliza.
Fonte: Portal Estradas



Estradas federais registram 92 mortes no feriado de 7 de setembro, diz PRF

Polícia Rodoviária Federal contabilizou 869 acidentes e 1.307 feridos.
Minas Gerais registrou o maior número de morte e acidentes graves.


A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 92 mortes nas estradas federais durante o feriado de 7 de setembro, segundo balanço divulgado nesta terça-feira (8). Dois acidentes graves foram responsáveis por 14% dos óbitos, um em Montes Claros de Goiás, na BR-070, e outro em Grão Mogol, no norte de Minas Gerais.
No total, foram 896 acidentes, que deixaram também 1.307 feridos. A Polícia Rodoviária Federal flagrou 1.056 pessoas dirigindo alcoolizadas e 151 foram presas por este motivo. Os radares ainda detectaram 69.548 veículos trafegando acima da velocidade permitida. "O alto índice de registros de velocidade excessiva demonstra a urgente necessidade de mudança comportamental por parte dos motoristas", afirmou a PRF em nota.
Ultrapassagens
Cerca de 10 meses após um aumento de até 900% no valor das multas sobre ultrapassagens em locais proibidos, 6.777 motoristas foram pegos fazendo a manobra, que é uma das principais causas de colisões com mortes, segundo a PRF.
Ainda de acordo com o balanço, os policiais rodoviários abordaram 2.609 veículos em que o motorista ou passageiros estavam sem o cinto de segurança, 336 crianças transportadas sem cadeirinha adequada e 384 motociclistas sem capacete nas estradas federais.
Comparação
Nos últimos dois anos, o feriado de 7 de setembro caiu no final de semana e não houve operação especial nas estradas. O último descanso prolongado no dia da independência ocorreu em 2012, que foi sexta-feira.
Em 2012, foram registrados 2.319 acidentes nas rodovias federais, com 110 mortes e mais de 1,4 mil feridos. No entanto, a PRF afirma que a comparação pode distorcer a realidade, devido ao aumento da frota e a leis diferentes para ultrapassagens e uso de álcool.
Demais estradas
Os dados da PRF não contabilizam acidentes em estradas estaduais ou municipais, como o tombamento de um ônibus em Paraty (RJ) no domingo, que deixou 15 mortos e 66 feridos, ou o acidente que vitimou o piloto de superbike Fábio Adas em Coroados (SP).
fonte.




Crise: Escassez de serviços para caminhoneiros

A crise afeta drasticamente caminhoneiros autônomos, que chegam a esperar por semanas por um frete nos terminais de carga, mas muitos não pagam nem mesmo os custos de viagem, obrigando os motoristas a se submeterem a condições lamentáveis para não ficarem parados. Muitos já pensam até em abandonar a profissão.
A crise econômica no Brasil continua preocupando e impactando substancialmente o setor de transporte rodoviário de carga. A defasagem do frete, uma situação que já vinha gerando apreensão entre os caminhoneiros, com o agravamento da crise nos últimos meses, tornou-se uma dos principais queixas dos profissionais, especialmente os autônomos.
Mas se a defasagem já era um problema, atualmente, existem preocupações ainda maiores: a escassez da oferta de serviço, ou seja, conseguir uma carga é uma tarefa extremamente difícil.
O fato é que a oferta diminuiu e o que se vê na maior parte dos terminais de do País são pátios cheios de motoristas esperando por cargas que, pelo menos, paguem os gastos da viagem.
No Brasil, sabe-se que mais de 60% das mercadorias circulam sobre rodas. Por outro lado, apesar da dependência do País do modal rodoviário, pouco se fez para facilitar a vida de quem anda nas estradas.
Além da condição de trabalho ruim dos motoristas autônomos, na maioria das vezes, dirigindo uma frota envelhecida, sem valorização ou direitos, e submetidos a rotinas estressantes e injustas, a falta de investimento nas rodovias e a insegurança para quem vive da estrada são problemas que com a atual crise estão fazendo com que profissionais, que sempre viveram da profissão, pensem em mudar de área. É isso mesmo: muitos já cogitam abandonar a profissão.
Com 23 anos de estrada, Antonio Marcos, natural de Santa Catarina, que, atualmente transporta cargas de seu estado para São Paulo, diz que já pensou até em devolver o caminhão.
“Meu caminhão está quase quitado, mas conseguir uma carga boa está cada vez mais difícil. Quando há, querem pagar até 50% mais barato, o que não cobre nem os custos da viagem. O Governo permite a renegociação do bem comprado, mas no caso dos caminhoneiros autônomos, do que adianta renegociar se não temos dinheiro para pagar as parcelas que vencem”, reclama.
Antonio Marcos já chegou a ficar até cinco dias no Terminal de Cargas Fernão Dias, em São Paulo, esperando por um oportunidade. Aos 45 anos, ele pensa em desistir. “Tenho dois filhos que não querem seguir a profissão. Acho ótimo, porque no Brasil temos vários problemas nessa área que não serão resolvidos tão rapidamente. Estamos num momento de repensarmos nosso futuro”, analisa o motorista.
Crise Caminhoneiros 2015 (4)
Uma das piores crises
Para Carlos Alberto Granado, motorista há 22 anos, que trabalha na rota São Paulo-Nordeste, esta é um das piores crises que o setor viveu nos últimos 15 anos.
Dono de três caminhões (um truck e duas carretas), ele também reclama da defasagem do frente. “A oferta está quase zero. E quando temos, os valores são ofensivos. Para se ter ideia, há um ano, em uma viagem com o truck para Recife chegavam a pagar R$ 8 mil, hoje paga-se cerca de R$ 5 mil. A mesma coisa acontece para o transporte de cargas para Fortaleza.
Antigamente, era possível receber até R$ 11 mil pelo frete para Fortaleza, dependendo da carga. Hoje, querem pagar R$ 7 mil, ou até menos. Um absurdo. Mas as comissões dos agenciadores não diminuíram. O fato é que todo mundo se aproveita do caminhoneiro, que acaba ficando até uma semana nos terminais à espera de carga, e quando estão quase sem dinheiro, são obrigados a aceitar qualquer frete, mesmo com prejuízos”, lamenta.
A falta de serviço está desanimando Carlos Alberto, que também já pensa em vender os caminhões. “Conquistei muitas coisas, mas sempre busquei atividades paralelas, porque o caminhoneiro no Brasil, infelizmente, não é reconhecido.
Por outro lado, temos um sindicato que não atua em nosso favor. Todas as melhorias de que necessitamos nunca saíram das pautas de reivindicações. O Sindicato não foca no que realmente precisamos. Entra ano e sai ano, tudo fica sempre igual. Na verdade, a categoria não é unida e não há uma liderança forte e de boa vontade que queiralutar pelos nossos direitos”, comenta.
Além da falta de serviço, os caminhoneiros também reclamaram do alto preço dos pedágios, que, em tempos de crise, tiveram aumentos, impactando ainda mais os custos da operação. “Os pedágios no Brasil são caros. Acredito que o valor do pedágio deveria ser mais justo para quem ganha a vida nas estradas. Dizem que o caminhão estraga mais as rodovias. Por isso, tem de pagar mais. Ora, transportamos o que é permitido e existem as balanças para medir isso. O fato é que se trata de uma profissão sem muito valor. Somos, muitos vezes, marginalizados e vistos como ausadores de acidentes. Enfim, é muito triste a situação que os caminhoneiros autônomos vivem hoje”, relata anderlei Oliveira Jordão, há 20 anos na boleia, que faz as rotas interior de São Paulo, Mato Grosso e Goiás.
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Segundo ele, com os gastos com os pedágios e o óleo diesel, o motorista acaba comprometendo cerca de 60% do que ganha. “Tivemos vários aumentos de combustível nos últimos meses em uma época de crise. Como é que podemos trabalhar com um frete baixo e aumentos sucessivos de combustível? O caminhoneiro autônomo vai estar morto em pouco tempo”, acrescenta Wanderlei.

Faltam pontos de parada
Fábio Bernardes da Silva, natural de São Paulo, mas que também faz as mesmas rotas de Wanderlei, lembra que, na maior parte das rodovias, não há pontos de apoio suficientes para todos os motoristas.
“Os pontos de parada ficam lotados após às 20 horas. Muitas vezes, tenho de rodar muito mais para encontrar um local seguro para descansar”, garante.
Se não bastasse isso, a insegurança continua sendo a pedra no sapato de quem ganha a vida nas estradas. Há alguns meses, um da Associação Nacional do Transporte de Cargas & Logística, (NTC) revelou que o roubo de carga no Brasil teve um aumento de 42% nos últimos quatro anos.
Segundo os caminhoneiros, com a crise esse índice aumentou. “Conheço vários colegas que foram assaltados nos ultimos meses. É uma situação que preocupa e faz a gente desanimar ainda mais. Com a nova lei do caminhoneiro prometeram novos pontos de parada, mas até agora tudo continua na mesma. Ou seja, as perspectivas não são nada otimistas para o segundo semestre”, avalia Fabio.
Uma luz no fim do túnel foi apresentada pelo Ministério dos Transportes (MT), com a Agência Nacional de ransportes Terrestres (ANTT) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que pretende realizar o levantamento de locais de espera, repouso e descanso nas rodovias federais de todo o País, tais como postos de combustíveis, estações rodoviárias, refeitórios, alojamentos, hotéis, pousadas, entre outros. Os pesquisadores visitarão estabelecimentos existentes às margens das rodovias federais, para verificar as condições de segurança, sanitárias e de conforto estabelecidas na Portaria 944, publicada pelo Ministério do rabalho e Emprego (MTE), no último dia 9 de julho. A iniciativa decorre da Lei 13.103/2015, conhecida como “Lei dos Caminhoneiros”, que estabelece a jornada de trabalho e o tempo de direção para o motorista profissional de ransporte de cargas e passageiros.
Após o levantamento e consolidação das informações, será produzida a primeira lista de trechos rodoviários que possuem locais de parada e descanso adequados aos critérios definidos em portaria do Ministério do Trabalho e Emprego.
De acordo com a avaliação de gestores do Ministério dos Transportes, a implantação dos Pontos de Parada e Descanso (PPD) trará benefícios importantes, como: diminuição dos acidentes por falhas humanas devido ao cansaço; redução de roubos e furtos; desestímulo às práticas de prostituição e uso de drogas; e estímulo à modernização dos estabelecimentos, inclusive com o reconhecimento pelo Governo Federal.
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“O problema é que tudo demora muito para sair do papel. Existem muitos interesses e conflitos nesse setor. Tem gente com boa vontade, mas há também pessoas ruins, que só querem continuar a se beneficiar do modelo existente. O transporte rodoviário de cargas chegou a um gargalo: ou melhoramos o que é preciso ou o País vai se manter por muito tempo nesse ciclo de desaceleração e baixo crescimento”, analisa Arlindo de Almeida Fernandes, há 30 anos na estrada, natural de Minas Gerais, que trabalha na rota Rio de Janeiro/São Paulo.

Para se ter ideia, na ocasião da entrevista, Arlindo já estava no terminal de cargas Fernão Dias há quase uma semana. “Os fretes entre Rio de Janeiro e São Paulo estão mais de 40% mais baixos. Não compensam”, confirma. Para ele, é preciso uma efetiva atuação do Governo no sentido de amenizar as dificuldades pelas quais o setor e os motoristas passam atualmente. Nem mesmo as perspectivas da boa safra agrícola do Brasil trazem algum alento a uem fica dias sem transportar uma carga.
O fato é que os caminhoneiros não acreditam que as coisas melhorem em curto prazo. “Dizem que a crise vai piorar. Se piorar, não teremos como sobreviver. Os caminhoneiros que atuam em transportadoras estão um pouco melhor. Mas a crise também está afetando essas empresas, que, com caminhões e motoristas parados, também já contabilizam rejuízos. Isso é reflexo da ação de um governo irresponsável, que há quase 20 anos não fez o que tinha de ser feito no sentido de dar melhores condições para que os caminhoneiros autônomos pudessem trabalhar com mais dignidade e segurança”, opina Oliveira Luiz da Silva, caminhoneiro há 31 anos, que roda o Brasil todo.
Da mesma opinião compartilha José Reis, há 35 anos na estrada, natural de Minas Gerais. Ele, que também transporta cargas na rota Rio de Janeiro-São Paulo, diz que já presenciou outras crises no setor com escassez de serviço, mas garante que dessa vez as dificuldades têm proporções nunca vistas antes. “Como vamos fazer a manutenção dos caminhões se não ganhamos nem para pagar as despesas da viagem. Por isso, há caminhoneiros rodando com pneus ruins, sem a devida manutenção. E a culpa é do caminhoneiro? Claro que não. Precisamos diminuir a defasagem do frete, caso contrário, a profissão de autônomo está fadada à extinção”, prevê José Reis.
Carlos Roberto Ferreira da Silva, motorista profissional há oito anos, natural de Maceió/AL, percorre até 2,4 mil km para transportar as cargas para São Paulo. No dia da entrevista, ele, que vem de uma família de caminhoneiros (o pai e o irmão também abraçaram a profissão), estava há apenas um dia em São Paulo, mas não tinha previsão de quando regressaria para Maceió. “Voltar com o caminhão vazio não compensa. Mas com o alto preço do combustível e do pedágio não ganhamos nada. É uma situação lastimável. Sem contar que as condições das estradas, especialmente na região de Minas Gerais, são horríveis, prejudicando ainda mais os caminhões. Realmente, é de se pensar em mudar de vida”, alerta Carlos Roberto, que estava acompanhado da esposa, Josefa Patricia da Silva, que viajava pela primeira vez com o marido.
Mudanças já
Outro caminhoneiro que também pensa em abandonar a atividade que vem exercendo há 14 anos é Evander Sousa de Carvalho. Este mineiro, que também atua em São Paulo e Rio de Janeiro, confessa estar muito decepcionado com a situação lastimável que os caminhoneiros autônomos vivem atualmente.
“É triste saber que uma classe que sempre ajudou o País a crescer enfrenta hoje uma situação tão ruim. E o mais difícil é não sabermos como vai ficar. O que nos resta é rezar, porque não temos muito o que fazer. O Governo é ineficiente e quem paga somos nós, os autônomos, que nunca fomos tratados com respeito e quase não temos direitos”, lamenta.
O fato é que a situação está realmente insustentável para o transporte rodoviário de cargas em todos os seus elos. Especialistas falam em agravamento da crise, previsão que se confirmada, trará ainda mais dificuldades para o setor, que precisará de ajuda e mudanças urgentes para continuar contribuindo para o crescimento do País.

Fonte: Editora Na Boleia Texto de Madalena Almeida