Roubo de carga: Acontece nas melhores rodovias

BR-376 - Ponta Grossa - Rodovia
O roubo de cargas caiu 9,3% no primeiro trimestre deste ano nas estradas paulistas. Mas continua sendo um dos grandes tormentos para empresas transportadoras e motoristas, em especial na região metropolitana de São Paulo, que tem as melhores estradas do país, onde ocorre a maior parte dos assaltos. No total foram registradas 2.152 ocorrências em todo o estado, 220 casos a menos do que no mesmo período do ano passado. Mas o volume ainda demonstra que a modalidade de crime tornou-se uma das preferidas das quadrilhas, que reduziram bastante outras categorias de assaltos, como a bancos – com 28 casos no estado no trimestre.
Para o Diretor de Novos Negócios da Braspress, uma das grandes transportadoras do país, Tayguara Helou, também presidente do SETCESP (Sindicato das Empresas Transportadoras do Estado de São Paulo), o roubo de cargas está entre os cinco principais problemas do setor (ao lado de pedágio caro, rodovias ruins, impostos e custos trabalhistas). “Só nos últimos 12 meses, o volume de roubos de carga, que ocorre em sua a maior parte em São Paulo, chegou ao total de R$ 1,5 bilhão. O pior é que os produtos roubados são vendidos por aí normalmente. É preciso que o governo faça alguma coisa para estancar isso”, reclama Helou.
Questionada, a Secretaria de Segurança pública respondeu em nota que “vem desenvolvendo série de medidas para combater os roubos de carga no Estado”. Informa ainda que “foi implantado um sistema de georreferenciamento das áreas em que ocorrem os crimes, locais onde as cargas são recuperadas e banco digital de imagens de presos envolvidos”.
A Secretaria explica também que está fazendo pente fino em todas as empresas de varejo para que elas demonstrem a origem dos produtos que vendem. Foi solicitado, por exemplo, que os varejistas tenham sempre à disposição da fiscalização as notas fiscais de compra de telefones celulares – um dos produtos preferidos dos ladrões de carga — contendo os respectivos códigos de identificação (IMEIs) de cada aparelho. Com isso, os smartphones serão inutilizados imediatamente após a ocorrência e não poderão voltar ao mercado vendidos pelos receptadores. “Essas providências fizeram o volume de roubo de cargas cair 6,5% nos quatro primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015”.
Operações da polícia civil nessa modalidade de crime organizado conseguiram desbaratar algumas grandes quadrilhas. Como em maio, quando foram cumpridos 18 mandados de prisão contra um bando acusado de ser responsável por pelo menos dez ataques a caminhões com cargas valiosas.
Segundo a polícia, a quadrilha – que teve integrantes presos na capital, Guarulhos e Mogi das Cruzes — atuava com armamento pesado e equipamentos sofisticados, como bloqueadores de sinais de GPS, para evitar que localizadores das empresas e da polícia encontrassem os veículos roubados, até que a carga fosse transferida para outros veículos.
Para o presidente de outra grande empresa de transportes, a Jamef, Adriano Depentor, as quadrilhas especializadas conseguem muitas vezes driblar a tecnologia de localização de caminhões roubados, o que acaba por dificultar a ação da própria polícia.
“Temos hoje 200% de nossa frota rastreada, 25% dela com dualidade – e alguns veículos com até três chips. Mas os ladrões estão cada vez mais equipados e rápidos”, diz Depentor. Depois de transferir a carga para caminhões próprios, o veículo roubado é deixado já sem os bloqueadores de GPS e só então acabam sendo localizados.
Para ele, a melhor medida é criar penas pesadas para o receptador. “Quando uma quadrilha rouba quatro carretas com 16 mil aparelhos de TV, isso já tem um comprador definido. É preciso que o poder público seja mais enérgico para identificar quem são e fazer o que se faz na Argentina. Lá a loja que é flagrada com produto de roubo tem a inscrição de funcionamento cassada”, defende Depentor.
Atualmente, 70% dos roubos de cargas ocorrem hoje nas regiões próximas a São Paulo. Além dos eletroeletrônicos, carregamentos de autopeças e confecção estão na mira das quadrilhas de roubo de carga.



Exame toxicológico em caminhoneiros volta a ser obrigatório em SP

caminhoneiro volvo
O exame toxicológico para motoristas de ônibus e caminhões voltou a ser obrigatório no Estado de São Paulo. A liminar que autorizava o Detran (departamento de trânsito) a não obedecer a medida foi derrubada na última sexta-feira (15).
A Procuradoria Geral do Estado tenta reverter a decisão. Enquanto isso, o sistema federal de habilitação vai impedir a emissão de CNHs nas categorias C, D e E (para caminhão, ônibus e carreta, respectivamente) no Estado, caso não conste a aprovação no exame, feito na rede credenciada pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
Vigente em todo o território nacional desde o início de 2016, a obrigatoriedade estava suspensa em ao menos 12 Estados, incluindo São Paulo, a pedido dos departamentos de trânsito estaduais.
Segundo o Detran de SP, existem no Estado aproximadamente 5,2 milhões de carteiras de habilitação nas categorias afetadas. A exigência do exame é válida apenas para renovar ou obter a CNH nessas categorias –quem já possui carteira válida não precisa fazer o teste.
A relação da rede de coleta credenciada por ser encontrada no site do Denatran e o custo do exame varia entre R$ 295 e R$ 380. O laudo, que demora em média 15 dias úteis para ficar pronto, deve ser apresentado no Detran, no momento de renovação da habilitação e também na avaliação médica.
Motoristas que forem reprovados no exame terão que aguardar três meses para fazer uma nova tentativa.
Discordância
Entre os argumentos para a exigência está a alta incidência do uso de drogas em profissionais desses setores, que procuram se manter acordados para trabalharem por mais horas, já que ganham por produtividade. Essa prática é vista como temerária, pois pode causar acidentes em estradas.
Em abril, a então delegada responsável pelo Detran em Minas Gerais, Rafaela Gigliotti, questionou esse argumento. “Não existe comprovação científica de que [essa medida] reduz acidentes, porque o exame detecta o uso de drogas nos 90 dias que o antecedem e, para a fiscalização, o que é importa é o momento da condução do veículo.” Minas é um dos Estados em que a exigência foi barrada.
O Denatran sustenta o exame, mas o diretor à época, Alberto Angerami, fez a ressalva de que “o exame deveria ser feito no momento da fiscalização nas estradas, porque seria mais eficaz para reduzir acidentes”.
O teste é obrigatório em setores como a aviação civil e em concursos públicos para policiais militares, civis e federais.



Governo de Brasília transforma em advertência as multas para quem não ligou o farol baixo em rodovias

farol caminhao
As multas aplicadas até esta segunda-feira (18) para os motoristas que não acenderam o farol baixo nas rodovias serão convertidas em advertência. O governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, e o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) entenderam a necessidade de alertar os condutores antes de distribuir infrações. Assim, as 5.055 multas aplicadas desde 8 de julho, quando começou a obrigatoriedade, contarão apenas como aviso — exceto as para condutores reincidentes. A medida vale para as autuações do DER-DF e da Polícia Militar.
“Como Brasília tem um número grande de rodovias, é necessário um tempo para se acostumar”, disse Rollemberg, em coletiva de imprensa no Palácio do Buriti. “Ressalta-se que, apesar de 5.055 parecer um número elevado, representa apenas 0,3% dos motoristas da cidade, ou seja, a adesão por parte da população tem ocorrido. Mas, a partir de amanhã (terça-feira, 19), todos devem ficar com os faróis ligados”, alertou o governador, ao lado do diretor-geral do DER-DF, Henrique Luduvice.


A Lei Federal nº 13.290, de 23 de maio de 2016, tornou obrigatório o uso do farol baixo em rodovias. Publicado no Diário Oficial da União, o texto estabeleceu 45 dias para os 26 estados e o Distrito Federal se adequarem. O governo de Brasília veiculou campanhas educativa e institucional.
“Brasília largou na frente lá atrás, quando promoveu a obrigatoriedade do cinto de segurança. Posteriormente, teve a campanha Paz no Trânsito e o respeito à faixa de pedestres. Agora, mais uma vez, mostramos o compromisso com a educação”, destacou Henrique Luduvice. “Vale lembrar, no entanto, que a legislação não estende o benefício a reincidentes. Quem já tomou duas multas ou mais terá apenas a primeira transformada em advertência escrita.”