Defasagem nos fretes chega a 10,14%

Na tarde de ontem (06), a NTC realizou a reunião do Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercado – CONET –, em Florianópolis (SC), com a presença de mais de 200 empresários do setor de transportes de todo o país. Dentre os temas debatidos, o Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da NTC&Logística (DECOPE) apresentou a diferença de 10,14% entre os fretes praticados e os custos efetivos da atividade.
O início do evento foi marcado pelo lembrete do lema “Atitude e Gestão” e da parceria feita entre NTC e Fundação Dom Cabral para colaborar com a competitividade empresarial, por meio do Projeto PAEX (Parceiros por Excelência) e implementação de modelo de gestão, capacitação gerencial e intercâmbio.
O presidente da NTC, José Hélio Fernandes, aproveitou o lema de sua gestão e propôs uma fórmula para o momento atual do setor. “Se somarmos Atitude e Gestão, chegaremos à equação do Limite. Esse é o caminho para conhecer e entender até onde podemos ir. Claro que cada um tem um limite diferenciado, devido à estrutura e realidade em que atua, mas somente com a identificação dessas balizas será possível o equilíbrio do negócio”, orientou.
Ainda na abertura do evento, Urubatan Helou, vice-presidente da NTC, trouxe algumas reflexões para os empresários presentes.
“Estamos vivendo o pior dos mundos com a estagnação econômica, e o nosso setor é cruel, porque os insumos que nos afetam são, em sua grande maioria, oligopolizados, do petróleo ao caminhão. Assim, o único ponto que temos condições de modificar é a gestão da receita e o foco do tipo de carga. O CONET, por meio dos estudos do transporte, é um conclave para mostrar quais são as defasagens tributárias e o que vamos fazer em cada uma de nossas empresas. Nós não ditamos política comercial, mas temos a responsabilidade de identificar em que ponto estão os custos do nosso setor”, afirmou.
Estudos e apresentações técnicas
Neuto Gonçalves dos Reis, diretor técnico da NTC, apresentou também no evento o tema “Sistema Tarifário: Das tabelas de frete aos índices referenciais”, retomando os modelos de tabelas de fretes comuns da década de 80 e ressaltando as diferenças das planilhas referenciais de custos atuais.

Reis ainda tratou da evolução dos insumos do INCT-L e INCT-F nos últimos 24 meses, dentre eles, os mais impactantes: óleo diesel, arla 32, salários dos motoristas e despesas administrativas e terminais.
Em seguida, o engenheiro Antonio Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC, apresentou a Pesquisa do DECOPE sobre custos, com o INCT no período de 12 meses e a defasagem tarifária. Os dados apresentados são resultado da pesquisa realizada com mais de 300 empresas do setor de transporte rodoviário e debate no Conselho.
Além da defasagem, a pesquisa afirma que 80% dos empresários consideram uma piora na situação das empresas quando comparadas ao ano anterior, sendo que 84% dos pesquisados indicam queda nos negócios, devida, principalmente, à menor demanda e volume de carga, aumento dos custos e diminuição do frete.
De acordo com Valdivia, o lucro só será possível com uma gestão assertiva do negócio. “O que gera a receita da empresa é o preço e a quantidade, ou seja, o frete e a carga. Para manter o equilíbrio em um momento de crise, com pouca demanda, é necessário trabalhar na redução de custos, uma vez que o aumento da receita não apresenta expectativas promissoras”, comentou.
Durante a explanação, Valdivia falou sobre o INCT, um índice de custos de referência, assim como o IPCA é para outras generalidades. Para estabelecer esse índice muitos insumos são considerados, entre eles estão os dois reajustes do litro do óleo diesel que representaram 7,59% de aumento durante esse ano, o dissídio, com 9% de aumento nos últimos 12 meses, e as despesas administrativas e de terminais, com 2,11% de aumento só em julho.
Essa variação média do transporte de carga registrou 10,91% para carga fracionada e 8,01% para carga lotação nos últimos 12 meses.



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