De acordo com dados do balanço divulgado na última quinta-feira (12), a estatal produziu uma média de 824 mil barris por dia no primeiro trimestre deste ano, mas só vendeu no mercado brasileiro 798 mil barris por dia.
No período, o consumo brasileiro foi de 896 mil barris de diesel por dia, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Isto é, empresas privadas importaram 98 mil barris por dia, o equivalente a 11% das vendas.
As importações são feitas por distribuidoras privadas como Ipiranga e Raízen, além de companhias regionais, que garantem melhores margens de lucro em vez de pagar preços mais altos à Petrobras.
"Se todo mundo ficar importando, a Petrobras não vai ter mais como vender", disse o professor da Coppe Segen Estefen, que ocupa uma vaga no conselho da estatal, em evento nesta segunda (16) no Rio.
Segundo ele, a empresa entende que o limite para a manutenção do patamar atual de preços é sua capacidade de escoamento da produção própria de combustíveis.
Estefen disse que, em um primeiro momento, a Petrobras analisa alternativas para melhorar suas margens de transporte e logística, chegando aos principais mercados importadores do norte e nordeste com preços mais competitivos.
Mas destacou que a companhia deve "ficar mais atenta" com os impactos dos altos preços em suas vendas. "É uma preocupação."
A concorrência com empresas privadas foi agravada pela retração do consumo interno de diesel, que caiu 6,1% no primeiro trimestre, diante da economia fraca e do desligamento de usinas térmicas.
No período, parte da sobra de diesel foi exportada a preços mais baixos do que o praticado no mercado interno.
Em entrevista para detalhar o balanço, o diretor de abastecimento da Petrobras, Jorge Celestino, disse que a companhia aproveitou "oportunidades" para colocar o produto no mercado externo.
A estatal vem praticando preços mais altos com o objetivo de recuperar os prejuízos causados pela política de subsídios praticada no início da década, que contribuiu para que a empresa atingisse uma dívida de R$ 450 bilhões.
A preocupação com o desempenho das vendas gerou rumores de redução dos preços no início de abril, negados pela direção da companhia.
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