Todos os dias, 3,2 milhões de caminhões estão a postos para transportar mercadorias no País. Com mais de 200 milhões de toneladas de grãos para serem retiradas do campo, além das demais commodities, como café, celulose, hortifrutis e toda a cadeia da proteína animal e de alimentos processados, o agronegócio está entre os setores que mais utilizam esse serviço.
Estima-se que quase 50% da frota de caminhões esteja a serviço do setor. “O campo sempre vai ser um ótimo cliente, porque a tendência de produção é crescente”, diz Valdecir Coelho Adamucho, sócio-diretor da G10 Transportes, com sede no município de Maringá (PR). A G10, uma das maiores empresas do setor, possui uma frota de 1,6 mil caminhões, dos quais 700 são graneleiros e 150 são unidades com tanques para óleo vegetal. Mas, o que ocorre hoje no setor de transporte de cargas representa o início do fim de um ciclo no País.
A mais visível mudança em andamento é o encurtamento das longas viagens por estradas, o que deve mexer no custo da carga transportada. E isso muda a regra do jogo. O que os especialistas do setor ainda não sabem é em que ritmo ela vai acontecer.
O transporte é um elemento importante na cadeia, a ponto de determinar se vale a pena tirar a produção do campo. Um bom exemplo é o que ocorreu com o milho mato-grossense no início do segundo semestre. Entre julho e setembro, logo após o término da colheita da segunda safra do cereal, o preço do frete disparou, em função do atraso da retirada dos estoques de soja do Estado, colhida no primeiro semestre.
Com o gargalo logístico, o milho para exportação ficou inviabilizado. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea), para transportar uma tonelada do cereal, entre o município de Sorriso e porto de Santos, uma viagem de dois mil quilômetros, o frete era de R$ 300 por tonelada, ante a cotação ao produtor de R$ 230.
A tendência de encurtamento das viagens ocorre em paralelo à reorganização dos modais de transporte, principalmente no chamado Eixo Norte. Entre esses modais estão a modernização e a ampliação de portos, como o de Vila do Conde (PA), de Itaqui (MA) e de Itacoatiara (AM); a construção de zonas de transbordo de cargas de um modal para outro, como o de Rondonópolis (MT); o início de funcionamento de trechos de ferrovias, como a Norte-Sul, e a melhoria das rodovias em todo o País, ainda que ela ocorra lentamente.
No Triângulo Mineiro, por exemplo, parte da produção vem sendo escoada através do Terminal Integrador de Araguari, na região de Uberlândia, com distâncias médias de 500 quilômetros entre os centros produtores e o transbordo para a ferrovia. Em Mato Grosso ocorre o mesmo com o terminal de Rondonópolis, o maior do continente sul-americano, que está recebendo, em 2015, 10 milhões de toneladas para serem embarcados em trens.
O terminal já absorve grande parte da soja cultivada na região, com destaque para polos produtivos, como Lucas de Rio Verde, por exemplo, município a 600 quilômetros de distância.
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