Retrospectiva 2015: O mercado de caminhões



O mercado de caminhões estava em plena ascensão no Brasil há poucos anos. O ápice foi em 2011, quando o setor registrou um total de 172.657 emplacamentos. De lá para cá, porém, os resultados vêm sendo pouco animadores. Até a crise financeira se instaurar de vez no país e 2015 se transformar em um verdadeiro desastre.

Se a queda de 11,3% de 2014 em relação a 2013 já era preocupante, com 137.052 vendas, os números de 2015 são bem piores: diante das 66.210 unidades comercializadas até o fim de novembro, já se espera uma retração por volta dos 50% neste ano. “Foi um período desafiador devido a diversos fatores, mas principalmente pela instabilidade econômica e política do país”, lamenta Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN Latin America.
De fato, as perdas afetam diversas áreas da indústria nacional. “Tivemos um 2015 de incertezas e de falta de confiança no mercado, fatores que contribuíram para o cenário negativo em diferentes setores da economia”, avalia Ricardo Barion, diretor de Marketing da Iveco para a América Latina. Os primeiros 11 meses de 2015 registram queda de 46,3% – ante às 123.355 unidades de 2014. As perdas nos emplacamentos, na verdade, atingem todos os tipos de veículos automotores no país. Mas nota-se, entre os caminhões, uma diferença: enquanto os extra-pesados caíram em participação de 36,2% para 27,4% em 2015, os leves subiram dos 19,8% de market share para os 26,4%.
Esse resultado mostra a tendência vista em 2015 para a compra de caminhões para entregas urbanas. O setor de varejo foi afetado com menos força pela crise econômica, já que trabalha com produtos essenciais para a sociedade – caso, por exemplo, dos alimentos. Entre os semileves, o modelo mais vendido entre janeiro e novembro deste ano foi o Ford F350, com 1.453 unidades emplacadas e vistosos 41,1% de participação nesta categoria. Já entre os leves, o destaque foi o Volkswagen 8.160, com 3.693 exemplares vendidos e 21,3% de market share neste nicho.

Ford e Volkswagen também foram as marcas que mais chamaram atenção entre os médios. A primeira conseguiu vender 1.770 unidades do Cargo 1119, enquanto a segunda emplacou 1.401 do VW 13.190, uma participação de 29,7% e 23,5%, respectivamente, neste segmento. A Volkswagen tem ainda o caminhão mais vendido entre janeiro e novembro de 2015, o VW 24.280, com 3.942 unidades registradas e participação de 27,1% na categoria dos semi-pesados, em que atua.
A queda registrada no mercado geral é explicada por especialistas em função da desaceleração da economia e, principalmente, pelas dificuldades de oferta de crédito com taxas vantajosas no financiamento de caminhões. “A restrição que se impõe aos transportadores com a retirada do financiamento pelo Bndes PSI é mais um obstáculo para aquisição de caminhões, o que resulta em queda de vendas, da produção e, consequentemente, da geração de empregos no Brasil”, aponta Roberto Leoncini, vice-presidente de Marketing, Vendas e Pós-Vendas de Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. A marca é apontada como a líder de vendas entre janeiro e novembro deste ano, com 26,9% de participação geral e 17.825 unidades emplacadas. Logo em seguida está a Volkswagen, com 26,2% e 17.382 vendas.
Poucas foram as novidades que surgiram no mercado de caminhões brasileiro em 2015. A Volvo lançou o FH 6X4 com o eixo suspensor, que pode desengatar e levantar o segundo eixo de tração. “É uma solução dirigida para transportadores com operações que têm trajetos com pouca ou nenhuma carga”, diz Bernardo Fedalto, diretor de caminhões Volvo no Brasil. Além disso, apostou também na edição especial para a linha FH em comemoração à passagem da Volvo Ocean Race no Brasil, disponível para 500 cv e 540 cv.
A Scania também apostou em uma série limitada, a Griffin Edition, disponível para os modelos R 440 e R 480, nas configurações de rodas 6X2, 6X4 e 8X2, com apenas 300 unidades. E incorporou ao seu portfólio um cavalo mecânico com configuração de rodas 8X2, que se encaixa entre a composição chamada de “vanderleia” (de eixos espaçados) e o bitrem e tem opções de cabines R, R Highline ou R Streamline. Por último, a marca sueca apresentou ao mercado a cabine estendida para as versões 4X2 e 6X2 dos modelos P 250 e P 310 da linha de caminhões semipesados. “Nossa rede de concessionárias foi expandida para 126 pontos de atendimento, sendo 12 novos Serviços Dedicados, solução para reduzir custos e aumentar a disponibilidade da frota instalando uma estrutura dentro da empresa do cliente”, completa Victor Carvalho, diretor de Vendas de Caminhões da Scania no Brasil.

A Mercedes-Benz foi outra marca que decidiu inserir em seu “line-up” a configuração 8X2. Para isso, escolheu a linha Atego, nos modelos semi-pesados 3030 e 3026. A linha inteira, aliás, ganhou novo chassi, mais robusto e resistente, com novo quadro que assegura mais flexibilidade para receber diversos tipos de implementos. “Em 2015, introduzimos mais do que nunca no Brasil o conceito ‘As Estradas Falam e a Mercedes-Benz Ouve’.
Fomos a diversas regiões do país e descobrimos quais eram as reais necessidades do mercado”, conta Leoncini. A marca alemã também lançou no Brasil em 2015 o furgão médio Vito, nas versões de passageiros e de carga, para introduzir a marca nos segmentos intermediários para até uma tonelada, onde não atuava; deu ao leve Accelo uma configuração 6X2 1316, com três eixos e 13 toneladas de capacidade, o que permite brigar com caminhões médios; e equipou com o novo motor OM 460, com 13 litros e potências de 456 cv e 510 cv, as novas versões 2646 e 2651 do extra-pesado Actros, que passaram a ser as configurações mais potentes produzidas no Brasil.
Já a conterrânea MAN passou a vender em abril o TGX 29.480 6X4, com 480 cv – 40 cv a mais que o TGX 29.440 . De acordo com a marca, o modelo é indicado para aplicações rodoviárias de longas distâncias com PBTC de até 74 toneladas em que se busque maiores velocidades médias – e, com isso, menor tempo no transporte de cargas.



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