Outro ponto que impacta principalmente quem vai começar um negócio no setor logístico é a falta de motoristas qualificados para o transporte de cargas, problema que atinge também empresários já consolidados no ramo. Estima-se que, no Brasil faltem cerca de 120 mil profissionais e, no Rio Grande do Sul, em torno de 15 mil.
Logística cara desanima empresários
O déficit histórico infraestrutural no Rio Grande do Sul encarece a logística e desencoraja aqueles que querem empreender no setor dos transportes de carga. Comparado ao estado vizinho, Santa Catarina, e a São Paulo, o RS ficou anos sem investimentos em rodovias. “A grande obra que tivemos foi a construção da freeway. A mais recente é a BR 448, que tem 22 quilômetros de extensão”, lembra Francisco Cardoso, diretor da Interlink Cargo e vice-presidente de Transporte Internacional do Setcergs. Ele afirma que, se as estradas brasileiras fossem como as dos Estados Unidos, os custos variáveis do transporte (combustível, pneus, peças e manutenção dos caminhões) poderiam ser reduzidos em 20%. “Não é a dependência do modal rodoviário que encarece a logística brasileira, mas a condição das rodovias”, comenta ele.
O Brasil conta com cerca de 200 mil quilômetros de estradas, dessas apenas 11 mil são duplicadas. “Para termos condições de concorrer com as economias desenvolvidas, temos também que aumentar nossa malha viária”, opina Cardoso.
Outra barreira assinalada pelo empresário dirige-se não apenas ao transporte. Segundo Cardoso, apesar de o crédito estar mais acessível e barato em comparação a anos anteriores, é muito difícil abrir uma empresa e mantê-la, visto a quantidade de regulamentações que devem ser cumpridas. O setor de logística está entre os que mais pagam impostos no país. “Quanto mais uma empresa cresce, mais cara ela fica e mais obrigações tem. Por isso que a maioria das empresas são de pequeno porte e não conseguem crescer.”
Cardoso considera ainda que um desafio para que o país evolua economicamente é o enfrentamento das leis trabalhistas. O decreto da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) data de 1943. “Temos uma legislação antiga e engessada. Nos Estados Unidos, paga-se por hora de trabalho. No Brasil, não pode. A pessoa precisa trabalhar no mínimo seis horas por dia.”
Quanto aos prejuízos com o roubo de cargas, o setor empresarial propõe que as autoridades aprovem leis que punam os receptadores de mercadorias e caminhões. “Segurança é dever do Estado, mas a gente não a tem. Por isso, as empresas precisam investir em gerenciamento de risco e isso custa até 8% da tarifa do frete”, diz Cardoso.
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