Recessão agrava a situação dos caminhoneiros


De acordo com a Federação de Caminhoneiros de São Paulo, o valor do frete diminuiu 37% nos últimos cinco meses, fato que acarretou dificuldades ao setor. Só em Campinas, interior de São Paulo, na última sexta-feira (24), havia 50 caminhões e carretas parados em um dos pátios da Rodovia Dom Pedro I.
Muitos caminhoneiros se recusavam a realizar serviços em razão dos baixos valores de fretes, argumentando que esses não remuneram nem mesmo o custo de combustível. Segundo o professor de Logística da Universidade Mackenzie Campinas, Mauro Roberto Schlüter, o agravamento da situação ocorre devido à falta de gestão das transportadoras.
“Na medida em que as transportadoras captam mais cargas que a capacidade de transporte da sua frota própria, contratam os caminhoneiros autônomos. Ocorre que o valor pago aos serviços prestados pelos caminhoneiros autônomos segue a lógica das leis de mercado. Isto significa que se existe mais carga a ser transportada do que oferta de veículos, os preços sobem e o contrário é verdadeiro” – explica.
Para o professor, a recessão da demanda por bens de consumo diminui a produção dos componentes industrializados pelas cadeias produtivas e como consequência existe uma redução brutal do transporte de cargas das empresas que integram essas cadeias.
“A evidência pode ser constatada visualmente nos postos de combustíveis das estradas do país. Uma legião de caminhoneiros sem ter um valor digno para os seus serviços, lotam os pátios dos postos de combustíveis a espera de um valor melhor dos seus serviços. Infelizmente este cenário tende a persistir a médio prazo e os reflexos podem ser percebidos por meio dos sinais de novas paralisações dos caminhoneiros que estão por vir” – afirma.
O especialista acredita que a solução do cenário passa inevitavelmente por um ajuste no valor dos serviços executados pelos caminhoneiros, sendo o governo parte fundamental no processo decisório. Ele argumenta, que caso isso não ocorra, outras paralisações ocorrerão com maior frequência, não apenas em Campinas, mas também em outras cidades do país.



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