Entidades cobram igualdade entre empregados, autônomos e estrangeiros.
Empresários e motoristas internacionais estão preocupados com a perda de competitividade.
Alguns setores têm sofrido diretamente o impacto da nova lei que
regulamenta a profissão de motorista. É o caso de empresas e motoristas
de transporte internacional, preocupados com a perda de competitividade
em comparação aos caminhoneiros estrangeiros e autônomos – capazes de
permanecer mais tempo na estrada, caso não haja uma fiscalização
rigorosa.
A entrada de caminhoneiros estrangeiros é o fator mais preocupante. A
Lei 12.619 não deixa claro se será exigido o controle de horas, por
exemplo, a este tipo de profissional. A Associação Brasileira de
Transportadores Internacionais (ABTI) é uma das entidades que têm
exigido um olhar mais atento do Governo Federal para esta
particularidade. O presidente da ABTI, José Carlos Becker, estima em 30%
os prejuízos para transportadores internacionais se adequarem à lei.
Enquanto motoristas sob o regime da CLT podem trabalhar até 8 horas,
com intervalo de no mínimo 30 minutos a cada 4 horas e possibilidade de 2
horas extras, o Código de Trânsito Brasileiro exige dos autônomos um
intervalo de 11 horas a cada dia, podendo ser fracionado em 9 horas mais
2 horas (por exemplo, dois intervalos de meia hora mais um de uma
hora).
De qualquer forma, não é permitida uma jornada maior do que 4
horas ininterruptas, mas na prática, um autônomo poderá rodar até 13
horas. Os motoristas estrangeiros, se não forem fiscalizados, poderão
rodar livremente.
Além do problema da competitividade com empresas estrangeiras, a
carga horária imposta pela nova lei não contempla particularidades do
transporte internacional, segundo Becker. “Para um transportador de
curta distância, a lei atende às necessidades, mas no caso do transporte
internacional, há peculiaridades, como o tempo nas aduanas, nas
fronteiras, nos portos, entre outros. Somando tudo isso, lá na frente,
haverá perdas irreparáveis para o setor”, explica.
A importância da regulamentação da profissão é destacada pelos
motoristas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes
Rodoviários de Carga de Linhas Internacionais do RS, Jorge Frizzo, deixa
claro que a entidade é favorável à lei. “Ela é boa pro trabalhador, foi
um marco para nós, mas fica uma instabilidade entre autônomos e
estrangeiros, quando comparados a quem tem CLT”, destaca. A preocupação é
que essa diferença de tratamento afete o mercado no futuro, caso a
fiscalização contemple apenas as empresas e não todos os motoristas.
Outro argumento do presidente de ABTI, José Carlos Becker, é de que a
desigualdade de tratamento não cumprirá o objetivo da lei, que é
reduzir acidentes. “É incoerente que um autônomo ou estrangeiro possam
ficar mais tempo na direção do que quem trabalha para uma empresa”,
afirma. “Se a proposta da lei é termos mais segurança, não pode haver
desigualdade de tempo. Acreditamos que assim o número de acidentes não
vai cair”, completa.
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