Parte dos motoristas concorda com a pauta do MUBC, outros querem parar por motivos diferentes e há quem vai cruzar os braços com medo de vandalismo
Há
aqueles que pretendem parar porque apoiam a pauta de reivindicações do
MUBC. Outros afirmam que vão aderir ao movimento por razões que não
estão diretamente ligadas à pauta principal. E tem aqueles que preferem
ficar em casa com medo de atos vandalismo.
Mais
difícil é encontrar alguém como o autônomo de Maringá (PR), Clodonaldo
Sérgio Fávaro, de 37 anos, que responde com firmeza: “Não vou parar”.
Para ele, a greve não é dos motoristas, mas das “grandes” empresas.
“Sempre paguei meus impostos. As empresas que paguem os delas”, afirma.
As
principais reivindicações do MUBC estão relacionadas a essas duas
questões. Com a greve, o movimento pretende exigir da Agência Nacional
de Transportes Terrestres (ANTT) a revogação da resolução 3.658, que
sepultou a carta-frete e estabeleceu o pagamento dos autônomos por meio
de empresas administradoras de cartão magnético, como Repom e Pamcary.
Alegando
falta de estacionamento para os caminhoneiros descansarem nas estradas,
o MUBC também defende que os efeitos da 12.169 sejam prorrogados por
mais um ano.
Assim como caminhoneiro Clodonaldo
Fávaro, várias entidades representativas da categoria assinaram
documento acusando as grandes empresas de transportes de estarem por
trás da greve (clique aqui e leia mais).
De
acordo com as entidades, quem mais perde com a lei 12.169 e a resolução
3.658 são as transportadoras. Por causa da lei, elas terão de contratar
mais motoristas empregados ou agregados. Já, em decorrência da
resolução, passam a ter uma despesa a mais pelos serviços das
administradoras de cartão. E ainda têm de declarar todos os fretes que
subcontratam de terceiros, afastando qualquer possibilidade de sonegação
fiscal.
Carregando
“de tudo” de São Bernardo do Campo a Londrina e voltando com elevadores
da Atlas, Daniel Fernandes da Costa, 65 anos, é um dos que vão parar “se
todo mundo parar”. “Ficar descansando 11horas na estrada é muito tempo.
8 horas já seria muito bom. Além disso, a lei manda descansar, mas não
tem estacionamento. Já estão faltando vagas nos postos depois das 22
horas”, ressalta.
O autônomo de Sorocaba Oscar
Miguel Rodrigues apoia o fim da carta-frete e a lei do descanso. Ele
também afirma que as empresas estão “se escondendo atrás” dos
caminhoneiros neste movimento porque foram prejudicadas com o fim da
carta-frete. Mesmo assim, “se todo mundo parar”, ele também vai aderir à
greve porque está descontente com os valores do frete, do óleo diesel e
do pedágio.
Convicto em relação à necessidade
da greve está o autônomo de Mafra (SC), Emílio Benkal, 52 anos. “Todo
mundo tem de parar mesmo. O valor do frete está muito baixo. A gente tem
de pagar para tomar banho na estrada. Não tem área de lazer para a
gente descansar”, afirma. Para ele, a carta-frete não deveria ser
extinta “Não tenho reclamação dela.” O descanso de 11 horas, segundo o
catarinense, é “ruim”. “A gente vai demorar bem mais tempo para voltar
para casa”, declara.
Fonte.
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